Coluna Cultura

Roda-Viva

 Dia desses, minutos antes de sair de casa, atando um calçado um pouco melhor que o do dia a dia, telefonava para um táxi a fim de ir assistir um espetáculo em um importante teatro da cidade?

Era uma noite de estreia, não só para os artistas que iam se apresentar, mas também para os espectadores que haviam saído de casa deixando para depois um episódio daquela série viciante, os e-mails marcados como urgente, aquele artigo acadêmico que já devia estar pronto, até mesmo o bem-aplicado tempo de ficar de pernas pro ar curtindo o ócio, os filhos, gato, namorado, cachorro, ou a própria canseira após mais um dia daqueles.
Estava em cartaz mais uma boa opção de entretenimento na querida e criativa cidade- cultura; era uma noite bonita, o teatro ia lotar, eu observava que as pessoas desciam de outros táxis, seus carros, ônibus...

Re-existir, entregar-se e não se entregar

Fim "da festa", os artistas se curvam abraçados no proscênio a reverenciar a plateia que já está toda em pé, aplaudindo muito.

Já do lado de fora, assistindo o movimento das pessoas que socializam ainda mais que na chegada, percebo-as consensuando à escolha de um lugar para jantar - quem sabe uma pizza, um xis, duas cervejinhas. Outras vão indo a pé "muy felices", prestigiando as vitrines e assim vai se findando mais um dia de trabalho para uns e entretenimento para outros, lindo isso!

Afinal, noto que toda vez que os artistas trabalham, postos de gasolina, lojas de calçados, restaurantes, vendedores de amendoim, lojas de instrumentos e imobiliárias vendem seus produtos e serviços.

Porém, minha reflexão é que essa realidade não é tão justa com as pessoas que geram toda essa demanda para economia local, pois muitas vezes elas custeiam suas produções apenas com o valor arrecadado da bilheteria. Já que as políticas públicas culturais atuais (ainda) não contemplam nem um terço da expressividade artística que nossa cidade mantém VIVA.
 

Natália Dolwitsch no Festival GRITA - arte e música femininaFoto: Atílio Alencar

Mas vejo que podemos buscar soluções criando essa consciência nas pessoas ao nosso redor e principalmente nas marcas locais, a fim de estreitarmos os laços entre empresas e artistas independentes.

Imagine empresas que possam incentivar atividades culturais e protagonizar seus nomes como parte atuante também destes segmentos. Conhece alguma daqui!? (O calçado que atava na primeira linha, comprei numa loja daqui, que até fundação própria tem para apoiar iniciativas culturais, sociais e esportivas). 

A todo instante, alguém acena

Enquanto isso, quando o nosso atual poder legislativo tem uma oportunidade de falar sobre cultura, tem apenas olhado para trás citando significativas economias de grana que já fora "queimada" nas gestões anteriores com balões voadores e etc. E agora que economizamos essa grana que anos anteriores ia pros ares? Seguimos tudo aqui embaixo, pelas ruas e palcos, com os pés no chão, até porque pro céu nem todo mundo vai (rsrsrs). 

 Mas o panorama geral tem se mostrado evolutivo, andamos dialogando "com eles" e lembrando-os que ainda existem muitos espaços culturais sem manutenção (Concha Acústica e Bombril), além de muitas praças e parques que continuam esquecidos, mas ainda frequentadas por famílias, bichos de estimação, crianças e jovens. Principalmente quando um apanhado de gente inquieta e disposta se esforça muito para ter com o que entreter os demais e transcender estas estatísticas passadas dos "principais" eventos desta (nem tão) Santa, (mas adorável) Maria.

Virada Cultural

Falando nisso, neste domingo rola um evento na Concha Acústica chamado Rota Viva, que até onde sei é aprovado pela LIC e parece que as bandas que lá irão se apresentar não receberão cachê, mas Santa Maria merece, afinal muita gente deverá sair feliz de lá e outros vão até lucrar com esse movimento humano que nossos (persistentes) artistas e empreendedores culturais irão nos proporcionar. Vamos!?

Prosseguimos...

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